Canadá: o meu lugar no mundo.

22 dez

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Relendo alguns textos por aqui fiquei bem surpresa de nunca ter falado sobre o Canadá. Considerando que falei dos meus lugares especiais no mundo: Suécia, Chicago e Barcelona, me impressiona muito não ter mencionado o meu favorito de todos. Talvez porque seja difícil colocar em palavras meu sentimento por aquele país. Talvez por não conseguir explicar de maneira justa tudo o que aquilo representa. Ou talvez por nunca ter parado realmente para interpretar e entender a dimensão do impacto que aquele lugar tem em mim. E tudo isso voltou a tona quando fui lá visitar minha família e amigos, no mês passado.

Começando do começo. Fiz intercâmbio no Canadá quando tinha 16 anos, na high school, 2o colegial (que na época se chamava assim). Aquela fase em que a gente resolve fazer intercâmbio para comprovar que todos os anos de Cultura Inglesa não serviram de nada. A gente chega lá e fica todo atrapalhado e vê que mal consegue pedir um lanche no Mc Donald’s com um inglês digno. Mas eu que sempre almejei um inglês perfeito e que sempre tive uma adoração pela ideia de morar fora, não poderia perder essa oportunidade.

Meus pais queriam algum lugar que tivesse poucos brasileiros e eu queria um inglês que não fosse esquisito, então excluímos da lista Australia, Nova Zelândia e Inglaterra. O inglês britânico eu até acho bem charmoso e chique, mas me irrita um pouco a bola de meia na garganta então descartamos. Depois dessa questão do inglês, pensamos nos lugares de muitos brasileiros por metro quadrado e dessa forma excluímos os Estados Unidos. Então meus pais sugeriram o Canadá pois sempre ouviram muito bem de lá. Sim, tinha o lance do frio então a ideia era algum lugar mais pro oeste onde a temperatura não chegasse a desesperadores 40 graus negativos. Eu topei e quando soube que a agência de intercâmbio tinha encontrado um lugar que era do lado “quente” do país, uma ilha linda, meio hiponga, com 10 mil habitantes e nenhum brasileiro. Explodi de felicidade.

Depois para ficar melhor encontraram uma família que teria uma mãe e 3 filhos. Eu teria então uma “irmã” de 22 anos, um “irmão” de 12 anos e uma “irmã” de 16, que era a minha idade e eu já imaginava que viraríamos best friends forever. E foi exatamente o que aconteceu. A conexão com a família foi imediata, nós nos amamos logo de cara e o período que morei lá foi definitivamente um dos melhores da minha vida. Eu me sentia em casa, e parte da família. Foi um drama sem fim quando tive que ir embora.

Salt Spring Island, essa ilha que morei, faz parte das Gulf Islands, 5 ilhazinhas charmosas que ficam entre a ilha de Vancouver e o continente. Pertinho de Vancouver. Salt Spring representa bem o que é o Canada: praticamente a perfeição em forma de país. No Canadá, absolutamente tudo funciona, é tudo limpo, as pessoas são felizes, a educação e a saúde são direitos dos cidadãos, o transporte público é impecável, grande parte das pessoas tem o mesmo estilo de vida e não existe tanta diferença de classes, o governo ajuda em tudo que é necessário, quase não existe corrupção por lá. E o que dizer sobre o primeiro ministro? Se existe melhor político que aquele eu desconheço.

O país é encantador e com lugares paradisíacos, parece um eterno “outono em NY”  com aquelas folhas coloridas de morrer de amor. Tem lugares tão lindos que não parecem de verdade. A natureza incrível, diversos lugares preservados e intocados, mas quando falamos das cidades grandes, são metrópoles mesmo, com prédios enormes e modernos, com uma vida urbana latente mas mantendo aquela paz e charme que é tão peculiar do Canadá.

E as pessoas? Eu não conheço povo mais simpático e solícito que canadenses. É tão impressionante que você chega a se questionar se não está num musical, sabe? Parece que do nada as pessoas vão sair dançando e cantando enquanto falam com você. É a fofolândia, eu não aguento. Eles fazem questão de te receber bem e atender bem. Inclusive fazem questão que você more lá. Existem diversos programas de incentivo a isso. Eles de fato são em muito poucos e precisam de gente por lá. Pense que o Canadá é o segundo maior país do mundo e tem 10milhões de pessoas A MENOS que o estado de São Paulo. Da pra imaginar que aquele amontoado de gente no Carnaval de Salvador e aqueles milhões de carros na estrada para a farofa do litoral não acontecem muito por lá né? Lá é amplo, tem espaço de sobra.

Eu costumo dizer uma frase sobre o Canadá que acho que resume muita coisa: O Canadá é os Estados Unidos melhorado e sem americano mala.

E por tudo isso e por toda essa relação forte com minha família do intercâmbio que meu elo de amor com o Canadá se manteve até hoje. E agora, 17 anos depois tive a ideia de ir visitá-los novamente e de sentir um turbilhão de emoções, tudo de novo. Estar de novo na ilha, com toda a magia que eu só conheço naquele lugar, visitar a escola que estudei, as quadras que joguei basquete, os meus professores (sim, eles continuam por lá), estar com meus amigos daquela época, e estar com minha “família” de novo foi uma explosão de sentimentos lindos e meu coração simplesmente transbordou de tanto amor. Para completar, minha “irmã” que era minha melhor amiga tem 2 filhos pequenos que imediatamente já assimilaram que tinham uma tia brasileira e não conseguíamos mais nos desgrudar.

Foi lindo, foi intenso, foi especial, foi uma loucura de sentimentos e emoções que voltaram a tona. Sigo em transe ainda mesmo já tendo passado um mês que voltei. Meu coração ficou por lá e minha vontade de morar lá de novo só aflorou ainda mais. Mas isso é assunto para minha terapia e para outro texto. Então fico por aqui fazendo apenas  um pedido/apelo: Se tiverem oportunidade, vá para o Canadá. Confie em mim quando eu digo que não existe lugar melhor no mundo. Vá para esquiar, para passear, para conhecer, para estudar, para fazer esporte, para cultura, para comer mapple syrup, para ver os esquimós, para férias, para feriado, para qualquer coisa. Eu garanto que vai se apaixonar e confirmar muito do que eu disse aqui. Oh Canada. <3

Uma aula brilhante e uma inacreditável nova língua portuguesa.

24 jul

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Uma das minhas metas desse ano era voltar a estudar. É muito recompensador voltar a fazer o que se gosta. Ainda mais quando vem aquela sensação de que aquilo está realmente valendo a pena e o tempo investido, que vale dizer que não é pouco. Tive aulas incríveis ultimamente. Coincidentemente (ou não) as melhores e mais memoráveis delas têm sido com professoras mulheres (Oh Yeah! Girl Power!).

Uma dessas foi uma aula de Português. Mais efetivamente Comunicação Empresarial Oral e Escrita em Língua Portuguesa. Sei que pode parecer bem chata, mas a verdade é que foi uma das melhores e mais esclarecedoras que já tive. E não só porque sou bem nerd e apaixonada pela língua portuguesa desde sempre. Não também porque sempre foi a matéria que eu tinha as melhores notas na escola. Mas simplesmente pelo fato de aprender o quão rica e profunda é a nossa língua, e mais, o quão absolutamente errado falamos diariamente, o tempo todo.

É assustador o tanto de palavra que modificamos, algumas que “aportuguesamos”, e tantas outras que inventamos mesmo porque somos bem criativos. Fora as que abreviamos sem a menor necessidade. Eu gostaria realmente de saber o que as pessoas que abreviam “sim” e “não” como “s” e “n” fazem com o resto do tempo que sobra.

Bom, voltando a aula, o fato é que durante as aulas dessa professora em questão eu fui descobrindo e me surpreendendo tanto com as novidades e com os erros de português que nem sei como explicar. Isso sem contar o poço de informação e repertório que é essa mulher, mas aqui o ponto nem é esse. O que quero reforçar é a quantidade de coisas que aprendi e não tinha a menor ideia.

Você sabia por exemplo que quando falamos de outras pessoas estamos falando de fulano, beltrano e SICRANO? Pois eu não, a vida inteira falei ciclano. Na minha mente sempre fez todo sentido. Sabia que uma pessoa é grosseira e nunca grossa? Que as coisas são feitas EM longo prazo e não a longo prazo? Que quando usamos bastante como pronome e com plural ele deve seguir o plural? Sim, nós temos bastanteS amigoS. Sim, eu tenho bastanteS dúvidaS de português (e acredite, você também!). Você sabia que o ovo é ESTRELADO por conta do formado de estrela que ele faz? Eu sempre disse que ele era estalado, seja lá o que isso quer dizer. E sabia que quando você acusa ou denuncia o coleguinha você o alcagueta? Que bom se você sabe, pois eu sempre CAGUEtei. Assim do verbo cagar mesmo. Sabia que o correto é dizer que o trabalho foi concluso e não concluído e que os itens foram exclusos? Pois é, aquela caixa de e-mail “itens excluídos” que já vem com o programa, está escrito errada. Foi traduzida de maneira equivocada meu caro leitor.

Sabia que o plural de forno se diz fÓrnos? E que subsídio se pronuncia subCídio? Isso porque entre consoante e vogal o som do R/S sai como duas vezes essas letras. Por exemplo: honra e aniversário. Sabia que a abreviação de apartamento é apart. ou ap. e não apto? Um homem está apto para determinada função e não o apartamento é apto. Aliás, sabia que a forma correta de escrever horas é 15h40min22s e que a sua corrida semanal é de 15km não 15kms? Isso porque os símbolos das unidades de medida e as siglas não se pluralizam. Legal né? Sabia que quando te ligam te procurando e dizem “Por favor a Gabriela” você deve dizer “sou eu” e não “é ela” ? Porque essa segunda além de no português estar errado te configura como um pouco maluca, porque está colocando uma outra pessoa aí na conversa… ela quem?

Você tem ideia de que se o Brasil ganhasse essa copa do mundo (um minuto de silêncio para o fato ainda não superado) ele seria “éza” e não “equiça” ? Sim, é assim que se pronuncia hexa corretamente.

Como o hexágono que a gente aprendeu na aula de geometria. Mas e aí como é que a gente faz? Vai corrigir o Galvão? Vai corrigir aquele bando de brasileiro pelo mundo gritando “equiça” ? Não dá né.

Você sabia que é certo dizer aceitado e aceito? Elegido e eleito? Exaurido e exausto? Prendido e preso? Limpado e limpo? Inserido e inserto? Pegado e pego? Soltado e solto? Suspendido e suspenso. Sim sim, está correto das duas formas, o que muda é que o verbo conjugado da primeira forma (e mais longa) deve ser usado com os verbos ter/haver e o segundo, com ser/estar.

Sabia que quando a gente está num casamento e naquele momento meio cafoninha que gritamos aos noivos “Viva!” deveria ser “vivam”? Sim porque a gente não quer celebrar só um deles certo? Queremos que ambos VIVAM felizes para sempre. Esse lance do plural também acontece nos e-mails. Se eu escrevo um e-mail em nome do meu time por exemplo, e o e-mail todo eu falo no plural, ao final do e-mail eu deveria dizer “Obrigadas”. Sim, eu juro, o certo é assim. E sabia que quando for usar “etc”, não se deve usar vírgula antes? O etc. é a abreviatura da expressão latina “et cetera”, que significa “e outras coisas da mesma espécie”, “e o resto” então não precisa da virgula antes pois a conjunção “e” elimina essa possibilidade. Você tinha noção? Porque eu sempre usei virgula antes e achava que abalava.

Aliás, e-mails corporativos… um novo e longo capítulo de aprendizado. Passamos muito tempo debatendo isso e basicamente eu sempre escrevi bem errado por toda minha carreira. Mas sinto dizer que eu e todo mundo porque o que vejo diariamente é um interminável de usos de vírgulas, palavras, e parágrafos de forma equivocada. Fora a intimidade totalmente desnecessária. Dito aqui pela senhora que sempre termina seus e-mails com “beijos”. Ah me deixa, vou continuar, sou fofa.

Ah! Essa aqui eu juro que sabia e é clássica das pessoas errarem. Aliás, me irrita muito toda vez que leio e ouço. “Há 9 anos atrás aconteceu…” Nope. Errado. “Há 9 anos” ou “9 anos atrás” não se usa “há” e “atrás” juntos pois isso é tautologia. De nada. E quando disser que algo está ruim, por favor, ênfase no ÍM, tá? Assim é o certo.

Bom, por hoje é isso “alunos”. Eu poderia ficar horas aqui dando exemplos e falando dessas aulas tão inspiradoras que eu tive. Mas acho que já deu para ter uma boa ideia da quantidade de coisas que erramos ou simplesmente ignoramos na nossa própria língua né? Espero que tenham aprendido algo de diferente e útil como eu aprendi nessas aulas e na prova, que por sinal aguardo ansiosamente a nota. Porque eu sempre achei que era ótima em português, mas… né…

Obrigada, (sim, com essa vírgula mesmo, é correto!)

Gabriela

 

O legado que se deixa.

5 mar

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Recentemente faleceu uma pessoa muito especial, que fundou um dos lugares mais importantes da minha vida. O lugar em que passei minha infância e adolescência inteiras e que hoje em dia vira e mexe dou um jeito de ir visitar. Fiquei muito abalada assim como todos que o conheceram e que passaram por esse lugar. Mas apesar da tristeza, me confortou entender que ele é daquelas pessoas que certamente cumpriu seu papel nessa vida. É inegável a participação dele na formação do caráter de tanta gente, na felicidade de tanta gente, e na transformação de tantos seres humanos. Todos que passaram por lá têm um pouquinho dele dentro de si e ele tem o mérito de ter criado o lugar mais feliz e mágico que existe. Portanto o legado que ele deixou é algo lindo e definitivamente imensurável.

E eu me peguei pensando no legado que as pessoas deixam, o tempo todo, de tão diferentes formas. Não só o legado no sentido literal da palavra, aquilo que a pessoa que morre deixa em testamento; a transferência de valores e bens, ou uma herança à posteridade. O legado que fica no sentido de missão, de aprendizado, contribuição, de engrandecimento. Aquela coisinha, aquela poção mágica que algumas pessoas têm o dom de deixar na gente quando passam e não participam mais da nossa vida.

Tem gente que passa tão pouco tempo com a gente e deixa algo tão imenso. Tem gente que vai viajar, muda de trabalho, de país, de vida, vai embora das nossas vidas e ainda assim, fica um monte de lembrança, de momentos, de amor encapsulado, fica marca e um quase como um legado eternizado. Tem gente que a gente passa a vida toda perto e não passa nem sequer um grãozinho da poção mágica, não fica nada marcado. E tem gente que a gente precisa ficar perto por 5 minutos pra nossa vida nunca mais ser a mesma a partir de então.

É louca essa coisa de energia, de luz que uma pessoa passa para a outra. O quanto uma única pessoa pode nos marcar de forma tão visceral. O quanto uma pessoa pode mudar todo um ambiente, seja iluminando e deixando tudo mais leve e gostoso, seja estragando tudo e deixando o lugar carregado e hostil.

E nesse sentido eu sempre acreditei muito naquela história de que você deixa o que você fez por merecer, que você recebe o que você dá. Aquela coisa de que quem dá amor recebe amor, sabe? Tenho isso quase como mantra. E essa semana eu li um ensinamento de um rabino que diz algo nessa lógica.

Ele diz que as pessoas cometem um enorme erro achando que você dá para aqueles que você ama, quando na verdade é: você ama aqueles para quem você dá. O ponto em questão é, se eu te dou algo eu investi eu mesmo em você. E como é premissa o amor próprio, todo mundo ama (ou deveria amar) a si mesmo, agora que parte de mim está em você, tem uma parte minha em você que eu amo. O resumo disso é que amor verdadeiro, é amor que se doa e não amor que se recebe. E eu não poderia concordar mais.

Fiquei pensando muito em toda essa história de legado, de marca e tudo isso que deixamos e transmitimos, que nada mais é do que deixar um pedacinho de você nas pessoas e vice-versa.

Um dia me perguntaram o que eu escreveria na minha lápide. Eu disse que seria algo do tipo: “Aqui jaz amor e uma boa gargalhada” e basicamente estaria claro o que eu pretendi deixar de legado. Naquele estilo entendedores entenderão.

E você, qual seria o legado que você deixaria para esse mundo?

 

 

Carta para 2018. Um ano memorável.

3 jan

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Oi 2018, como vai? Eu vou muito bem por aqui e preciso te confessar uma coisinha: eu estava mesmo te esperando, e muito!

Aquele cara antes de você, o 2017, foi difícil viu? Nele teve mudança, teve paciência, stress, teve resiliência, provação (de diversos tipos), teve doença, teve pausa nos treinos, e teve momento difícil como nunca antes. Mas eu não posso negar que ele foi bem maravilhoso também. Teve muito amor, teve muito trabalho, amigos por perto, parceria, muitos livros e filmes, teve casa nova e vida nova, e novos interesses. Teve muita viagem, teve Milão, Buenos Aires, Praga, Viena, Lisboa, Madrid, Barcelona, Lyon teve snowboard, teve praia e tudo aquilo que eu mais amo fazer e estar. Eu realmente não posso reclamar e preciso muito agradecer. Obrigada por aquele seu primo anterior, o 2017.

Mas sabe como é né Sr 2018, é que eu sou um pouco ansiosa e eu esperei por você mesmo estando bem adiantadinha. Eu vivi o 2017 quase que com um pezinho (e um coraçãozinho) no 2018. Nem sei dizer a quanto tempo te espero porque para ser bem sincera, eu só me dei conta do quanto te esperei quando fui juntando os fatos do que vem com você. Mas não sei bem ao certo, algo me diz que você tem algo de especial.

Para começar, os seus números. O 8 sempre foi meu número favorito da vida toda. É o dia do meu aniversário, é o infinito, e para mim o número mais lindo de todos. E agora para completar você é o ano 2018. O 18 vem ainda para melhorar. O 18 na cultura judaica e kabbalista é um número muito forte e especial pois representa o valor numérico da palavra “chai” que significa “vida” e muita gente (eu muito!!) acredita que esse número traz sorte. Isso já faz desse ano muuuito especial, afinal teremos diversos “chais”. Algo parecido a isso só daqui 100 anos, já imaginou?

Fora os números descobri que a cor do ano segundo a pantone é o violeta (Ultra Violet – PANTONE 18-3838). Ou também mais conhecida como: a minha cor favorita. Tem como ser melhor? Já estou vendo todos os desfiles de moda lotado de roxo, as decorações de eventos, casas, festas, ai já estou amando!!

Além disso tudo não posso deixar de dizer do que acontecerá no país. Começando pelo fato de que dos 13 feriados do ano 10 serão prolongados. Ou seja, 10 oportunidades de viagem por aí. E na minha opinião, nada pode ser melhor e mais engrandecedor do que viajar. E também tem as eleições. E apesar de não ser muito ligada em política e entender bem menos do que eu gostaria, eu gosto do clima de eleição. Gosto de pesquisar sobre isso, gosto dos debates entre as pessoas, das conversas, das novas ideias, e daquela sensação de esperança que o próximo governo pode sim ser diferente, que as coisas sim podem (e devem) melhorar. Que tem muita gente aí que luta pelos mesmos ideias que os meus e querem fazer a coisa acontecer. Então por esse aspecto eu gosto sim e muito de ano com eleição presidencial.

E por último e nada menos importante, a famigerada Copa do Mundo! Não, eu não sou uma fanática por futebol, e nem sei dizer com exatidão quando é impedimento. Mas eu sou completamente apaixonada pela Copa do Mundo. Sou uma believer incurável, eu sempre acho que vamos ganhar. Que o hexa é nosso! Eu já nem lembro dos 7×1 (mentira, eu tenho pesadelos até hoje), nem de todas as vezes que fizemos papelão. Eu amo tudo como se fosse novo! Como se fosse nossa primeira copa do Mundo. Eu amo o clima que o país fica, eu amo o quão patriota nos tornamos, eu amo os encontros para um único objetivo. Eu torço muito, eu vibro, eu choro, eu me desespero, quero ver todos os jogos enrolada na bandeira. Eu acho que em nenhuma outra época do ano ficamos tão unidos e felizes pelo Brasil. É lindo demais.

Então 2018, eu só queria te dizer que você foi realmente esperado e que eu não aguentava de ansiedade em ver essa sua carinha. E você já tem sido tão bom pra mim… você começou com tanta energia boa, com tanta gente querida, num lugar lindo e com tanta paz. Eu nem posso desejar mais nada além do que você já vem me trazer, mas se eu puder ser ousadinha e puder desejar algumas coisas aqui vão: saúde em primeiro lugar porque sem isso a gente não é nada. Amor, mais amor para todo mundo porque isso sim muda tudo. Respeito, paciência e compreensão, tudo assim num combo só porque são bem interligados. Superação, surpresas e conquistas das mais diversas. Felicidades e gargalhadas, sempre assim juntinhas. E o hexa, se não for pedir muito. #euacredito.

 

 

Manias que adquiri (depois de velha) com o tempo.

6 nov

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Eu já me referi aqui ao certo receio que eu tinha de chegar aos 30 anos. Eu dei uma boa exagerada (como sempre e como em tudo). Mas sejamos honestos, eu não estava de toda errada quando previa e temia certas coisas. Acho que até fui bem visionária nesse texto aí, pois muita coisa de fato tem acontecido. Só me surpreende que tanta coisa diferente tenha acontecido e que eu tenha adquirido tantas manias de lá pra cá.

Até deve ser natural o fato de você ir envelhecendo e ganhando manias, mas chega a ser assustador quando você nota que começou tanta coisa diferente e ganhou tanta mania/TOC num período tão curto de tempo. Fiz um resuminho aqui dessas coisas até para eternizar tudo isso e poder avaliar depois dos 40 anos. Se isso de fato for acumulativo… bem… acho que teremos problemas, amigos!

1 – Acordar cedo, bem cedo – Eu sempre fui dorminhoca, e sempre acordei em cima da hora justamente para poder ter mais uns minutinhos dormindo. Pois bem, hoje em dia eu, por livre e espontânea vontade tenho compromissos as 06:30 e 07:00am em todos os dias da semana. E quando chega o final de semana que poderia voltar as origens e dormir até uma da tarde, o que acontece? Acordo as 09:00. Inacreditável.

2 – Recicla recicla recicla – Passei a ter um incômodo e uma consciência absurda sobre o lixo e a reciclagem. Eu separo o lixo em casa, reciclo absolutamente tudo que é possível, entro em desespero quando vejo as pessoas misturando os lixos o que me levou a uma outra mania.

3 – Redução (brusca) do uso de plástico – Nunca liguei para isso e nem me preocupava. Mas tenho estudado muito o assunto e tenho visto o quão nocivo isso é hoje em dia e só tende a ser pior para as próximas gerações. Reduzi muito meu consumo de plástico, não uso mais copinho de plástico para o café no trabalho, nem garrafas de água, uso escova de dente de bambu e estou estudando maneiras de não mais utilizar absorventes. É libertador reduzir o uso de plástico, recomendo muito.

4 – Parar de comer animais – Isso eu já vinha praticando há um tempo. Há 8 anos que não como carne vermelha, nunca comi porco e nem frutos do mar. Recentemente parei de comer frango e por enquanto só como peixe, Por enquanto, porque minha ideia é virar vegetariana em breve. Vegetariana, veja bem. Vegana eu não tenho a menor vontade sinceramente.

5 – Esportes e academia – Eu sempre fui muito mais ligada do que praticante de qualquer esporte. Amo assistir, amo me informar, amo torcer. Mas não praticava com tanta frequência. Tinha aquela relação de amor e ódio com a academia (muito mais ódio do que qualquer amor). De uns anos para cá isso mudou totalmente. Comecei a correr e a realmente malhar por prazer (um beijo namorado!! <3) . No ano passado eu fiz um programa em que frequentava 6 vezes por semana a academia. Sem furo e sem falta, segui à risca! Estou machucada no momento (ciático e quadril, veja se não fiquei velha definitivamente!) mas fazendo fisio todo santo dia para isso tudo melhorar e eu poder voltar a fazer o que estava fazendo.

6 – Descarga com a tampa da privada fechada – meu namorado instituiu isso em casa por conta de todo aquele lance dos coliformes fecais e agora eu só consigo fazer dessa forma. Virou mania mesmo.

 7 – Ver/fotografar flores – não sei se meus sentidos ficaram mais apurados depois dos 30, mas eu conquistei uma mania gigantesca de observar e fotografar flores. É o tempo todo, por onde eu passo. A hashtag #iseeflowerseverywhere ganhou muitas contribuições comigo.

 8 – Acupuntura/ homeopatia/ terapia – 3 coisas que eu nunca sequer tinha passado perto e agora não vivo sem. Não tinha o menor preconceito e sempre soube que seriam ótimas aquisições para a minha vida. Mas sempre fui postergando, achando que não era lá tão importante assim e foi passando. A terapia mudou a minha vida e eu realmente não sei se passaria por um momento difícil como passei se não fosse pelas palavras da minha psicóloga.

 9 – Protetor solar no rosto e tirar maquiagem antes de dormir – Isso é óbvio, eu sei. E é ridículo o fato de eu não fazer isso antes, mas eu realmente só passei a fazer essas duas coisas com quase 30 anos. E não consigo mais imaginar não fazer isso. E nem sei como eu não arrebentei toda a minha pele durante esse tempo. Quer dizer, eu sei sim, a conta já chegou com manchinhas e rugas.

 10 – Ler mais – Sempre li muito e sempre fui muito fissurada em livros. Bibliotecas e livrarias são meus lugares favoritos no mundo todo. Mas com tantas baladas, viagens, seriados da adolescência eu tinha diminuído muito meu número de livros. Mudei isso recentemente e tenho me atentado a isso para que não volte a acontecer. Estou tentando manter pelo menos um livro por mês e é muito engrandecedor e mágico.

11 – Escrever menos – Isso é triste mas é verdade. Com o passar dos anos eu fui escrevendo bem menos. Basta ver aqui o blog, era uma texto por semana nos primeiros anos e agora publico um a cada 3 meses mais ou menos. Algo que preciso ver com carinho novamente, urgente.

 12 – Mania de organização e listas – Isso eu também já tinha, vide esse texto aqui, mas só piorou com o tempo. É meio enlouquecedor mas é meu jeitinho J

 13 – Noia com a saúde – de certa forma eu sempre fui um pouco, mas ultimamente ando pegando um pouco pesado no “eat clean” e nas questões de evitar doenças. De qualquer forma acho que é um bom vicio esse e uma boa mania que adquiri um pouco mais ultimamente.

Tenho aqui em mente mais algumas outras (mil) manias mas vou guardar para desenvolver melhor e quem sabe para um outro texto. Me pergunto se de fato isso tudo vem com a idade ou foi só uma coincidência mesmo. Vou abordar esse assunto por aí para constatar essa minha teoria e aviso vocês.

 


 

 

A grama do instagram do vizinho tem mais filtro verde.

30 jul

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Que a gente julga, analisa e se compara não é nenhuma novidade. E não no sentido pejorativo  dessas palavras, mas se você vive em sociedade, se você tem família, amigos e pessoas ao redor, você se compara quase sempre de vez em quando com os outros.

Isso aumentou exponencialmente hoje em dia com tantos meios de comunicação e tantas redes sociais. Chega a ser inevitável e quase que impossível você não julgar ou se comparar.

Eu li uma pesquisa recente que diz que o instagram é a rede social mais nociva a saúde. A que mais afeta a saúde mental dos jovens e que pode causar depressões profundas. Não é difícil entender o por que, né? Em muitos casos, realmente as vidas ali são perfeitas e as pessoas vivem na felizlândia.

Mas não só no instagram ou em outras redes, pessoalmente também a gente chega a achar que algumas pessoas simplesmente não têm problemas. Que em alguns momentos, Deus (ou qualquer força maior) dividiu mal as dificuldades cagadas da vida e elas e vieram só pra você, deixando algumas pessoinhas livres disso.

Quantas vezes você já não se pegou analisando a vida de algumas pessoas, com uma mini raivinha de tamanha perfeição? Ou quantas vezes você olhou sem julgamento e vendo de uma maneira positiva e admirável (de verdade mesmo)? Quantas vezes você ficou verdadeiramente feliz por alguém ou por algo que estava ali estampado?

Quantas vezes você já se pegou soltando ou pensando as seguintes frases:

Nossa, como essa pessoa é linda né?

Aquele cara tá sempre rodeado de amigos e festas.

Que gente bem sucedida!

Casal mais apaixonado que já vi na vida.

Da onde vem tanta força de vontade para malhar tão cedo?

Essa aí só viaja né?

Essa pessoa é tão calma, me transmite tanta paz.

Que lindo, eles são a família perfeita né?

Eu preciso aprender a lidar com stress como essa pessoa lida.

Cara, essa pessoa não tem problemas?

Trabalhar que é bom nada né, querida?

Eu quero ter todos esses cachorros na minha casa agora.

Como pode ter esse corpo se almoça e janta doritos todo dia?

Esse cara não para, tá difícil acompanhar.

Meu Deus, para de reclamar, você está na Europa!

Essa turma está sempre tão feliz.

Pensa numa pessoa do bem? Que está sempre ajudando.

Meta de vida é ter esse foco.

São pensamentos bons e ruins. E mais do que isso, naturais. E sabe o que acontece com esses pensamentos? Ou o que eles têm em comum? É tudo verdade, mas é tudo mentira também. O que a gente conhece das pessoas seja via redes sociais ou mesmo pessoalmente, são fragmentos delas e das vidas que elas levam. Você jamais vai saber o que realmente se passa em cada mente e coração. Ou em um dia inteiro daquela vida. Aquilo que ela te fala ou que você vê é só uma partezinha do todo.

Sim existem pessoas realmente lindas e felizes. Mas isso não quer dizer que não estejam passando por uma barra na família ou que não tenham problemas. Existem pessoas que estão sempre viajando mas só Deus (e elas!) sabem tudo o que fazem pra conseguir isso ou as vezes o perrengue que são algumas viagens. Sim, é real, existe muito casal genuinamente apaixonado e que gosta de demonstrar isso, assim como existe muita falsidade e muita gente que vive de aparência e que dormem em camas separadas. Tem gente que parece que saiu direto de um comercial de pasta de dentes, mas que muitas vezes sofrem e choram sozinhas no edredom (como qualquer mortal).

Existem famílias que mal se encontram mas o amor pulsa em cada um dos integrantes o pouco que isso acontece. Tem gente que medita todo dia mas trata mal os funcionários. Tem aqueles tímidos  e fechados que numa apresentação do trabalho brilham como poucos. Tem muita gente boa ajudando muita gente que não sai contando por aí. Tem gente realmente muito feliz com prazeres tão pequenos que a gente vê que o mundo ainda tem jeito.

O que quero dizer é, cada mais eu vejo o quão particular é cada mundo, cada vida, cada coração, cada alma. Cada vez mais eu entendo que o equilíbrio é realmente a grande sacada da vida. Que as coisas podem estar caindo em um momento mas em algum outro aspecto a vida ta aí me mostrando como ela pode ser linda de ser vivida.

Já dizia Caetano: Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Cada um sabe o quão difícil e maravilhoso pode ser a relação, a família, os amigos, o trabalho, a vida. E o quão paradoxal podem ser as fases na nossa vida e o que mostramos dela. Tem muita depressão disfarçada de gliter e música alta. E tem muita felicidade e amor atrás de vidas e imagens preto e branco. É só olhar direitinho.

Todo dia, tudo [de] novo.

31 jan

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Esse é o primeiro texto do ano. Eu sei que ele veio já quase nos 45 do segundo tempo pois logo já é fevereiro, mas ele veio. Essa sou eu no maior estilo “tardamos mas não falhamos”. E pra cumprir uma meta do ano de ter pelo menos um texto mês, aqui estamos. Numa terça-feira e não segunda como de costume, acho que pra quebrar um pouco as regras mesmo. Inclusive eu cheguei a pensar em fazer um balanço do ano que passou, ou então uma relação de coisas que espero desse ano mais ou menos como essa aqui, mas quebrando outra regra, a verdade é que esse ano eu não quero programar muito. Esperar e almejar sim, mas programar e ser tão rigorosa em cumprir tudo eu decidi que não quero tanto. Logo eu, metódica, programada, certinha e detalhista, dessa vez resolvi deixar as coisas um pouco mais soltas, um pouco mais na linha de deixar o vento, e a vida, me levarem. Pois é, a gente muda.

Acho que esse tipo de decisão vem com o tempo, com a maturidade mas principalmente do fato de olhar pra mais dentro e aprender com o que (ou quem!) você encontra dentro de si próprio. E acreditem, tem taaaanta coisa lá dentro. Se você der uma espiadinha pra dentro já vai se surpreender com o que encontrar. E foi nessas análises e viagens pra dentro de mim mesma que eu comecei a ver um monte de coisa, questionar algumas e entender tantas outras.

Dentre todas as coisas que descobri talvez uma das principais são as chances que temos. A todo o tempo. Eu comecei a me dar conta do tanto de recomeços que temos todos os dias. Já parou pra pensar nisso? Todo santo dia você tem a oportunidade de começar tudo de novo. Em praticamente todos os aspectos da sua vida. Tá, não dá pra mudar de trabalho todo dia mas dá pra mudar “o trabalho” todo dia. Não da pra mudar o mundo todo dia mas a maneira como você vê o mundo sim, sempre. Você pode sempre começar, recomeçar. O fato de você estar vivo já faz com que  você comece um novo dia, uma nova vida. Você pode começar uma nova meta, uma nova mania, pode ter uma nova dor, uma saudade, uma desculpa. Pode decidir ser mais saudável, ou mais quieta, ou melhor. Isso tudo só ao levantar da cama. Imagina daí pra frente… você pode viver um monte de coisas de novo e um monte de coisas novas, e isso é mágico.

Não tem um dia na minha vida que eu preferiria não ter vivido, nenhum deles. Até os mais terríveis eu sei que vieram por algum motivo e me fizeram tirar alguma lição daquilo. Hoje eu vejo e entendo. Demora, mas uma hora a vida ensina. As vezes os dias mais banais e mais do mesmo, eu tenho certeza que alguma coisa se tira dele. Coisas pequenas mesmo, ou até as mais importantes. Você pode ter lido uma matéria que te fez refletir, você pode ter pensado em alguém que deu saudades, pode ter ouvido uma frase inspiradora, pode ter visto um atitude que você não concorda e jamais faria, pode ter ouvido algo de alguém que te fez refletir, pode ter tido uma boa notícia, tomado uma decisão, recebido uma mensagem inesperada, um elogio do nada. Pode ter visto uma versão sua que você não gosta, ou gosta e quer ver mais vezes. Tem tantas pequenas grandes coisas todos os dias.

Pode ser ingenuidade ou utopia, eu sei. Mas eu aprendi a valorizar e amar cada recomeço. Todos eles. Todos os dias. Recomendo viu? E acho que o fato da ciência, os astros ou Deus ou qualquer força que faz amanhecer e anoitecer, é talvez a coisa mais bela que se pode viver e disfrutar. Afinal pra um novo dia (ou algo) entrar, o velho precisa ir. Para algo começar, alguma outra coisa teve que acabar e assim por diante. E essa é a delícia de estar vivo e poder recomeçar todos os dias. Até amanhã, até o novo recomeço.

Quando você sai da casa dos pais (mas a casa dos pais não sai de você).

27 out

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Chega uma fase na vida que a gente precisa crescer, dar alguns passos e tomar decisões. Isso no trabalho, na vida pessoal, no relacionamento, quando se chega aos 30 anos, em tudo. Eu e meu namorado resolvemos dar um desses passos e decidimos morar juntos. Mas antes disso eu tive a brilhante ideia de morar sozinha. E é nessas horas que você descobre um mundo totalmente novo que não fazia ideia que existia.

Que eu sou um pouco totalmente mimada nunca foi novidade pra mim, nem pra ninguém. Mas o tanto que eu sou sem noção da realidade é bem assustador. Que fique claro, mimada é diferente de débil mental. Não é porque fui mimada a vida toda que não tenho capacidade de me virar. Já morei fora duas vezes em 2 países diferentes e sobrevivi extremamente bem. Mas as duas vezes que voltei tive uma amnésia sobre “saber se virar” e virei totalmente mimada novamente. Acontece. E a culpa é dos meus pais.

A primeira coisa interessante que descobri ao sair da casa dos meus pais é que eles são mágicos. Sim eu morava numa casa de mágicos. Tipo o Harry Potter que morava com muggles, só que na minha casa era o contrário. Meus pais é que eram os bruxos. As coisas magicamente aconteciam sem que eu soubesse como. Por exemplo, eu tinha uma poltrona mágica no meu quarto. Todas as roupas que eu colocava nela, no outro dia magicamente apareciam lavadas, cheirosas, dobradas e já dentro do armário. A cama meio que se arrumava sozinha. Pura magia. Tinha também uma pia mágica em que tudo o que eu colocava ali se auto lavava. E sempre tinha detergente, e esponja e paninho limpo. Uma coisa de louco. Outros objetos mágicos eram utensílios de banheiro. Eu não sei se eles voavam ou se arrastavam, mas de alguma maneira sempre tinha no meu banheiro: pasta de dente, toalhas limpas, sabonete, papel higiênico* (vários deles) e nunca faltou, nunca. Sempre achei estranho porque shampoo, condicionador, hidratantes e maquiagem fui sempre eu que comprei, mas essas outras coisas por feitiçaria estavam sempre lá. *Nesse momento eu gostaria de mandar um forte abraço para o papel toalha, guardanapo e o papel higiênico da agência que sempre me foram tão uteis em momentos de desespero.

Descobri também quem além de mágicos, meus pais são ricos. Porque pagar R$ 16,00 em UM queijo branco, ou R$ 36,00 num pote de palmito é algo inacreditável. Que isso? R$ 6,00 por palmito? Que absurdo é esse? Na casa dos meus pais eu comia palmito tipo batata frita. Hoje em dia resolvi parar de comer palmito. Dentre muitos outros alimentos que resolvi cortar da dieta porque não devem fazer bem a saúde. (Mentira, é porque sou pobre mesmo). E aquela palhaçada que é aquele lugar Supermercado?? Sem brincadeira, eles estão lá exclusivamente para te zoar. Cada um dos caixas são stand up comedies aguardando para rir da tua cara, porque não é possível. Eu faço uma comprinha xexelenta, praticamente só o necessário para uma pessoa (que vive de dieta), e a conta dá R$ 500,00!! QUINHENTOS REAIS. Parece que eu posso ouvir vozes ao redor gritando “Otária! Achava que sua mãe levava tudo de presente? De graça?”. E além de tudo não pode nem parcelar no cartão. Acho um absurdo. Ah! E produto de limpeza, minha gente? Como pode ser tão caro um liquidinho daquele? Eu acho que eles contêm champagne na formulação, só pode ser isso.

Tem uma frase bem interessante que tenho descoberto também. “Depois de aberto consumir em 3 dias”. Mas gente, como eu posso sozinha consumir TODO esse conteúdo em 3 dias? Nem se eu me entupir do tal alimento é possível conseguir essa magia. Olha aí, na casa dos mágicos lá dos meus pais as coisas deviam ser consumidas nesse tempo. Porque eu não consigo imaginar como acabar com um pacote de pão de forma nesse período. A não ser que eu use cada fatia como descanso de prato quente, ou pra tirar a maquiagem, de mousepad, sei lá.

Uma outra coisa curiosa é o tanto que as coisas quebram. Na minha casa quebram, porque na dos meus pais não quebravam. Ao menos quando quebravam a magia era feita de um dia pro outro. Agora eu só me ferro e tudo demora semanas pra arrumar. E custa, custa caro. Nos meus pais era grátis, acho que achavam eles legais, porque todos os serviços eram grátis lá. Eu nunca paguei nada. Em alguns dias que estava morando sozinha quebrou minha geladeira, TV e pia. E eu gastei pra arrumar. Ah, isso tudo num apartamento super pequeno. Minúsculo mesmo, do tipo que se você entrar correndo cai pela varanda. Então imagina isso na casa dos meus pais que tinha espaço, cômodos, móóóóveis, muitos móveis. Que coisa estranha essa tal casa dos meus pais.

Bom, sobreviver a gente sobrevive porque não tem jeito. E aprende, gasta muito dinheiro, (dinheiro infinito) e se diverte porque faz parte da vida. E é uma delícia essa fase. Mas que dá uma saudade da casa dos mágicos…isso dá viu. #mãemeadota

 

 

Vamos falar do snapchat?

8 ago

snap

Estou há tempos pra escrever sobre esse assunto, e agora com o lançamento do “stories” (que é uma versão pobrinha do snapchat) , achei que seria uma boa hora.

Eu bem me lembro que quando o Snapchat surgiu, uns 4 anos atrás e sua principal função era permitir que as pessoas se mandassem nudes sem correr o risco de terem suas fotos de peitinhos espalhadas pela web depois de algum traumático fim de relação. Era batata: tem snapchat – tá trocando softporn por ai.

Eu sei, eu sei… não era só isso. Você podia mandar uma foto ou video bacana para seus amigos e aquilo só faria sentido por um breve instante. E logo que sua graça acabasse, também acabava o tempo de duração daquele post. Até que legalzinho. Mas antes que ficasse obsoleto, numa manobra brilhante, a rede que parecia quase que sem propósito, voltou com tudo. Com esse perfil de video documentário da vida privada. Mesmo que eu ainda não entenda muito o por que das pessoas fazerem daquilo um diário pessoal, mostrando 24 horas por dia o que elas fazem das suas (aparentemente) tão interessantes vidas. Mas que o negócio é genial, não dá pra negar.

Ainda não sou muito viciada, mas vejo bastante. Acho que fiz uma vez na vida num show, então essa história de fazer snaps  não me pegou não. Mas eu aprendi a acompanhar as pessoas. Muitas pessoas. E aí meus amigos, foi criada uma surra de julgamentos nessa minha cabecinha aqui que vocês não imaginam. Eu julgo viu?! Mas julgo tanto que me divirto comigo mesma. E nesses meus julgamentos malucos eu criei algumas categorias de snapchats que vou dividir aqui pra ver se faz algum sentido (na minha mente faz todo).

Categoria “meu sonho é ser sua amiga”:  tem umas pessoas que são incríveis, engraçadas, alto astral e muito verdadeiras. Eu realmente queria ser amiga delas. De verdade, fico imaginando eu ligando pra pessoa no meio do dia. Um beijo pra Thay e pra Mica Rocha.

Categoria “quem paga as suas contas?”: por que né… tem um pessoal aí que não gosta de trabalhar não. Mas gastar sabem como ninguém. Sério, quem paga seu condomínio, IPTU, IPVA? Pede para pagarem o meu também!

Categoria “eu daria uma parte (útil) do meu corpo para ser você”: são aquelas pessoas que te dão inveja, simples assim. São pessoas que têm uma vida perfeita, uma família perfeita, trabalham com o que amam, treinam felizes da vida, são lindas, acordam 05 da manhã por opção, são bem casadas, podres de rica, passam metade do ano viajando de primeira classe e não se importam com o valor do euro. Sim, eu morro de inveja de vocês, assumo.

Categoria “mereço o oscar” : aquela galera que finge tão bem, sabe? A pessoa está odiando estar no lugar, odiando as pessoas, mas insiste em fazer snap falando que “tá tudo mara”. É meio humilhante ver que o programa tá uma bosta mas a pessoa está se esforçando tanto pra mostrar o contrário. Da uma dozinha… mas é tão legal de assistir.

Categoria “miga, para que ta feio”: aquelas que se filmam 24 horas por dia como se alguém se importasse. Amiga, numa boa, nenhuma vida assim é tão interessante pra você ficar se filmando o dia inteiro, passo a passo que dá e ficar falando pra tela do celular. Isso é meio doença, numa boa. Vai tratar.

Categoria “tô de férias, lidem com isso”: snaps das pessoas que estão viajando sempre me interessam. É aquela coisa de antigamente de marcar pra ir na casa da pessoa ver o álbum de viagem (que nunca acontecia) mas aqui é real time. Amo esses e amo viajar com a pessoa.

Categoria fofurices de bebês e cachorros: amo muito. Sou viciada nessas duas coisas, então sim, podem exagerar, mamies, podem achar seus bebês os mais lindos e incríveis do mundo. Eu assisto, e amo. É muito fofo ver eles se desenvolvendo e crescendo… aflora muito meu lado Felicia dos cachorros e crianças. <3

Categoria “amo odiar”: sim, isso é doentio, mas eu sigo algumas pessoas simplesmente pelo fato de que eu amo odiá-las. Elas me irritam em tudo, no jeito que falam, no jeito que são forçadas, no jeito que querem parecer uma coisa que não são, na forma como vendem suas vidas como perfeitas. Nessa categoria, o que eu mais odeio são as pessoas que insistem em falar como suas vidas são corridas e como estão sempre cheia de compromissos, compromissos esses: manicure, drenagem, seguido de pilates, dermatologista, tratamentos estéticos, seguido de café com as amigas, e jantar em restaurante que custa meu salário. E no final do dia estão exaustas. Sério, essas eu odeio muito, quero socar a carinha exausta delas.

Categoria “doentes dos filtros”: não entendo essa onda dos filtros. juro. Aquele que muda seu rosto com o de outra pessoa é bem genial, e os que te deixam esquisita e torta também. Mas os de animais e as flores e aqueles outros negócios lá, não entendo mesmo qual a graça.

Categoria “precisam te descobrir urgente”: tem gente que é tão boa nisso que não é possível que não estejam ganhando dinheiro com esse negocio. Sério, alguém precisa descobrir essas pessoas!

Depois das categorias eu gostaria de relatar aqui algumas regras básicas de etiqueta no snapchat:

– Quando estivermos conversando, não saque seu celular e enfie na minha cara falando “Dá oi pro snaaaaaaaapppiiiii”. Dá muito bode, sério.

– Não filme os coleguinhas sem avisá-los.

– Pelo amor de Deus, não faça snaps de reuniões de trabalho. É trabalho, lembra?

– Não poste fotos de 10 segundos. O snap te deu o maravilhoso poder de controlar o tempo! Use-o com inteligência.

– METADINHA – tá aí uma coisa que acho engraçada. Você quer aparecer mas está com vergonha, então mostra só metade de você? É isso?

E por fim, se você não for alguém famoso, não fale como se estivesse se dirigindo ao seu mar de fãs. Dá muita vergonha alheia.

Papo sério com a vida.

27 jun

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Oi vida, como vai? Tudo bem?

É, você mesma, a vida, viiidaa, do latim, vita. Faz tempo que não falamos não é mesmo? Está tudo tão maluco e corrido ultimamente. Eu às vezes esqueço de você e você de mim por mais impossível que isso possa parecer, porque né? Eu sou sua, você é minha. Somos uma só pessoa. Mas achei que devíamos bater um papo franco. Entre amigas mesmo. Eu e você, vida. Temos liberdade pra isso, certo?
Você anda bem ousada ultimamente, hein? Toda cheia de mistério, toda imprevisível. A senhora tem me dado cada rasteira e tapa na cara que vou te contar. Ultimamente você tem trazido cada surpresa e questionamento que eu tô até tonta. Pareço aquele cara perdidinho que jogaram no meio das batalhas de Game of Thrones. Vem tapa, espada, flecha, cavalo de todo lado. Quando você pensa que acabou vem outro tabefe na orelha. Você anda bem danadinha mesmo, né?

Você que sempre foi tão boa pra mim, eu até me assustava. Quando eu rezava antes de dormir, eu pensava: “Deus, não é possível que minha vida seja tão boa, não sei se mereço tudo isso. Será que o senhor não está esquecendo de me dar uns probleminhas assim só pra variar?” De verdade, você vida, sempre foi tão incrível pra mim. Quase todos os aspectos em você eu amava e era feliz. Quando uma coisa não ía bem as outras compensavam. O balanço sempre foi muito mais que positivo. Sempre. Você sempre foi quase tão perfeita que assustava. Tá… eu não posso dizer que perfeita porque isso nem existe e se existisse, que graça teria em você? Mas sim, eu posso dizer que sou muito abençoada e sempre fui muito grata por tudo que você vida, me proporcionou.

Daí de repente você resolveu dar uma chacoalhada em tudo e virou tudo de ponta cabeça. Que susto! Até eu que sou das mais otimistas do mundo comecei a desconfiar que você vida, era injusta, ingrata e que nada mais daria certo. Porque tudo o que estava bem você fez ficar ruim. O que era seguro você deixou inseguro e fraco. O que era lindo você deixou triste e cinza. Tudo que estava resolvido você “desresolveu” e trouxe um monte de questionamentos. Poxa vida, mas o que foi que você resolveu fazer com tudo hein? O que eu te fiz pra você me tratar assim? Foi cagada atrás de cagada e quando parecia que tinha terminado, vinha outra. Nossa! Você pode ser muito cruel às vezes sabia? Você tira saúde, traz problemas, fere relacionamentos. Você traz doença, brigas, dúvidas, que horror.  Você pode acabar com tudo né? Até com você mesma. Você é dura na queda.

E a gente cai em todas as rasteiras que você nos dá, porque afinal, você é a dona do jogo. Você é quem decide tudo e quem está no comando. A gente acha que é a gente, mas que nada. Você, vida, é a dona de tudo no mundo e até do destino, aquele cara lá estranho e misterioso que nos assombra de vez em quando.

Mas daí, vem você de novo mostrar que tudo passa. Você mesma vida, vem mostrar tudo isso de novo. Que depois da tormenta vem o arco íris e que não existe fase ruim sua que não seja seguida de uma outra tão boa e intensa quanto. Você vem realmente pra forçar a barra né? Bagunça tudo, embaralha tudo, e sai de fininho pra gente resolver o enigma. A gente sofre, faz drama, come o pão (sem glúten) que o diabo amassou e chora toda a cantareira. E você tá lá, vendo de cima e só mostrando que isso também é necessário e que isso mais uma vez vai passar, como tudo em você.

Você é tudo que a gente tem e o que a gente tem que fazer de melhor. E no fim das contas, você é a melhor coisa de todas as coisas. E agora, passado todo o turbilhão eu só tenho mais certezas das opiniões sobre você. Que você vida, é linda, é cheia de altos e baixos e cheia de surpresas. Que você é mágica e deliciosa e que até a parte ruim de você, é boa, é ótima. Você é um processo contínuo de relacionamentos e evolução e eu sou muito apaixonada por você. Sério. Sou meio mulher de malandro com você, vida. Porque mesmo me dando porrada eu volto mais apaixonada. Você é o que eu tenho de mais difícil e mais precioso. E assim vai ser até que a morte nos separe. E cada vez mais eu concluo o mais lindo de todos os clichês: “Eu sei, eu sei. Que a vida devia ser bem melhor e será. Mas isso não impede que eu repita. É bonita, é bonita e é bonita.”