Arquivo | novembro, 2012

Chicago: you have my heart <3

27 nov

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Ela nunca tinha passado pela minha cabeça. Antes dela vinham tantas outras em mente. Eu sinceramente não sabia nada sobre ela. E nem fazia muita questão. Até que resolvi conhecê-la. E foi assim, amor à primeira vista. Me apaixonei e agora ela é das minhas favoritas no mundo. Eu já tenho saudades e ainda falo muito nela. Ela ganhou minhas férias e meu coração. Ela, minha mais nova paixão: a incrível cidade de Chicago.

A ideia de passar uns dias por lá rolou porque a Rê, amiga do trabalho que virou da vida, foi morar lá pelo MBA do Gui, seu marido. E aproveitando minhas férias em NY tirei alguns dias para visitá-la. E confesso que dividi mal meu tempo sendo duas semanas para NY e uma apenas para Chicago. Deveria ter sido o contrário sem dúvida. Enfim, cheguei em Chicago e já começou o tour, só que pelo aeroporto. Nunca vi coisa tão grande e é claro que me perdi até achar onde deveria resgatar minha mala. A Rê foi me buscar de carro, porque ela é fina, e eles tem um carro por lá. E descobri que eles não estão morando em Chicago mesmo, e sim numa cidadezinha que fica a uns 25 minutos de lá. Evanston, a cidade mais charmosa e cinematográfica dos Estados Unidos. Cinematográfica mesmo. Típica cidade de interior de filmes, linda, pequena, com pessoas fofas que dá vontade de abraçar, folhas com cores de flores, abóboras na porta para o Halloween, bandeira dos Estados Unidos, e a ausência total de segurança e muros. Além disso, ali perto, uma das casas foi a casa da família McCalister em “Esqueceram de mim”. “Mom? Dad? Buzz?”. Dá pra não amar?

Evanston gira praticamente em torno da Northwestern University, onde está Kellogg School of Management, o MBA que o Gui está fazendo e que eu tive o prazer de assistir uma aula. Então além do campus mesmo, incrível e impecável por sinal, algumas casas espalhadas pela cidade também são parte da Universidade. O que faz você se sentir numa eterna e imensa high school. Só que sem as bobeiras dessa fase e sem as espinhas na cara. Quer dizer, algumas bobeiras ainda existem. Porque acho que estudante, por essência, é meio bobo. E estudante, ainda gringo, ganha o troféu do bobo. Acho que faz parte do título. Presenciei algumas dessas cenas mongóis por lá quando me infiltrei na gringolandia. Daqueles típicos gringos, que no meio da aula riem do que não tem graça e não riem do que tem a maior graça. Daqueles que com 30 anos nas costas ainda fazem brincadeiras de bebida no pub para ver quem fica mais bêbado. E comemoram com high five efusivo. Daqueles que acham normal ficar se roçando em plena pista mas acha beijo na boca o pior dos pecados. Gringos. Como não zoá-los, e não amá-los? Mas eles são os figurantes apenas. O que importa é que Evanston é linda, funciona impecavelmente, tem uma praia divina, uma vibe especial e casas espetaculares. E quem mora nessas casas? Os professores da University. Ah sim, porque em país que funciona de verdade, os ricos são os que ensinam, os inteligentes, os que dedicam suas vidas a fazer um mundo melhor. E não os corruptos, os espertalhões ou os jogadores de futebol.

E o que você fica educado quando viaja? Engraçado que quando você está fora parece que se adequa tanto e que tudo faz tanto sentido que as regras se aplicam melhor. Você simplesmente não faz o que não deve. Você não bebe álcool nas ruas, não dirige bêbado, não anda onde não é permitido, não joga cigarro no chão, não fura fila. Não somente pelo medo da multa em dólares ou por ser expulso do país. Mas porque simplesmente não te parece normal nem certo. É óbvio, é instintivo. Era assim em NY, em Evanston e em Chicago. Ahh Chicago…

Várias vezes no tempo que estive lá fomos pra Chicago, praticamente todos os dias. E eu me apaixonei. Logo de cara. E eu costumava dizer que o Canadá é o Estados Unidos melhorado. E digo agora que Chicago é o melhor dos Estados Unidos. É NY melhorada. É tão linda quanto NY mas com prédios mais estilosos e modernos. Mesclados com uns meio europeus e clássicos. Depois do grande incêndio de 1871 (que devastou a cidade quase inteira) foi totalmente reprogramada e reconstruída em pouquíssimo tempo e de maneira brilhante. É cultural, é para compras, é para arte, é para lindos parques, é para tudo. Tem lojas tão incríveis mas preços mais acessíveis, ruas tão bem estruturadas mas muito mais vazias e sem um monte de gente esbarrando em você com sacola da Macys e falando línguas esquisitas. É tão urbana e bem programada quanto NY porém muito mais ampla e com mais natureza. Chicago possui a maior quantidade de área destinada a parques dos Estados Unidos. É sensacional. Tem bastante turista mas não por todo canto e você é extremamente bem tratado por ser brasileiro. Tem 2 dos prédios mais altos do mundo que deixam o Empire State no chinelo. Restaurantes deliciosos, museus incríveis e o estádio do Bulls que é um dos mais surreais que já vi. Sem contar a estátua do Jordan que enche meu coração e meus olhos de lágrimas. Chicago é a cidade que venta. E como venta, não? Mas por algum motivo isso não incomoda, faz parte do charme. Lá tem os melhores calzones/tortas em forma de pizza que já comi. As famosas e imperdíveis deep dishes. Chicago é a terra dos “gente fina”. É a terra do Obama e da Oprah. Do Derrick Rose e do Bill Muray. Do Smashing Pumpkins, Robin Willians, Vince Vaugh e Tina Fey. É muito amor gente. É o único lugar do mundo em que um feijão é ponto turístico e simplesmente fantástico. E de tão especial ele reflete (literalmente) muito da cidade. O único lugar em que imagens de pessoas feias cospem água e todo mundo acha o máximo. O único que tem prédio em formato de espiga de milho e os restaurantes mais famosos com nomes de animais e é tudo genial. É onde um dia faz 18ºC e você sai arrasando de blusa fina e no outro neva e você usa casaco de ski. É o lugar que é possível se segurar no poste e suas perninhas voam como nos desenhos animados.

Eu poderia passar horas falando de lá e montando um guia mais específico com todos os “must do, must see e must love” daquele lugar. O que posso dizer é que me surpreendi, me encantei, estou apaixonada e dou aquele sorrisinho de bigode só de pensar nesse lugar. E que se tenho um conselho para sua próxima viagem aos Estados Unidos… esqueça NY por um tempo. Vá para Chicago. E depois me conta se exagerei ou se concorda comigo.

Coisas que só acontecem com a minha família: versão NY.

19 nov

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Depois de algumas férias na Europa, resolvi passar essas últimas nos Estados Unidos, já que não ía há algum tempo e minha mãe queria comemorar o aniversário dela lá. O destino, a melhor cidade: NYC (constatação essa, que mudei até o final das minhas férias). É claro que foi fantástico, delicioso, cheio de novidades, cultura, compras, shows e bons restaurantes. Alguns perrengues também. Vários na verdade, como eu nunca tinha passado antes. Faz parte? Não tanto assim.

No sábado a noite fui no Planeta Terra e meu vôo era as 08:45 do domingo. Sem noção como de costume, fiquei até a última banda, me matei no open bar, andei kms até onde o carro estava parado e cheguei em casa perto da hora de acordar. Ainda tinha que fazer várias coisas de manhã quando meu pai me acordou e avisou que o taxi estava lá embaixo. Desespero.

Voo tranquilo e chegamos no horário. O que não esperávamos eram as 3 horas de fila na imigração. Isso mesmo, TRÊS horas na fila. E quando chegou a nossa vez de passar com o mal encarado, estávamos tão cansados que nem deu aquele medinho habitual. Porque pra mim não adianta, até pra ir pro RJ passar por qualquer raio x ou revista me faz ficar com a perna bamba e o estômago revirado. Eu sempre acho que estou errada e vou ser presa. Por tráfico de chiclete só pode ser. Mas não importa.

Após checar nossos passaportes, o queridão chamou meu pai pra uma salinha. Medo. Pedi pra ir junto e minha mãe já esboçou um choro de desespero. A salinha era nojenta, dessas de presidiário. Cheia de policiais gordos sarcásticos e gente esquisita com cara que de fato tinha aprontado alguma. Até comandante tinha lá. Agora, por que o meu pai foi chamado pra essa maldita salinha? E se a gente não entra no país? O que tá acontecendo gente?  Acabei ficando amiguinha de um policial latino. Mentira, ele me xavecou e eu aproveitei a situação. Quando bate o desespero a gente faz qualquer coisa né? Até me pagou um amendoim, veja só.  Ele me disse que o nome do meu pai tinha sido identificado como o de um terrorista! Oi? Carlos Alberto Marques, terrorista? O Betão? Policial latino xavequeiro, vamos lá. Meu pai tem mais de 60 anos, cabelo todo branquinho, usa Nike colorido, é o maior gente fina da história e está aqui com a esposa e filha pra torrar os tubos no seu país. Como ele pode apresentar qualquer risco?

Disseram que é normal e que deveríamos esperar. Aham, bem normal acharem que somos da família do Bin Laden. E depois de uma hora e meia na salinha infernal nos chamaram pra uma entrevista. Todo tipo de pergunta bizarra pro meu pai inclusive um mal humor ímpar quando a altura foi dita em cm e o peso em kgs. Converte aí filhão! Já estamos sendo tratados como lixo aqui. Alivia aí. Era só o que me faltava! Depois da entrevista o tal latino me avisou que precisávamos esperar uma ligação para o meu pai ser liberado. Do Obama, só se for. Mas em plena reeleição seria difícil. Pensei. E depois de mais uma hora e meia, e quando meu pai estava prestes a forjar um desmaio, a tal ligação chegou e fomos liberados, sem nenhuma explicação sequer. Vale lembrar que após essas 3 horas minha mãe já estava aos prantos e quase tendo um colapso lá fora com as malas.

Depois das 6 longas horas no aeroporto, fomos para o hotel. Um ótimo hotel, que o agente de viagem disse ser perto da 47st. “Perto da 47st? Estamos em casa então. Conhecemos tudo por lá”. Pensamos. Mas o que ele esqueceu de avisar era que era perto da 47st … do Queens. Isso mesmo, lá estávamos nós, cruzando a ponte e chegando na 47st do Queens.  Não tem problema nenhum estar no Queens, mas quando você imagina que seu hotel é na Paulista mas na verdade é em Alphaville, fica um pouco mais complicado. Why God? Why? O que mais pode acontecer? Nesse dia nada, mas depois de uma semana por lá, uma visita inesperada. Furacão Sandy.

Só se falava disso, em todos os canais, em todas as conversas, por todo canto. Eu achava que era exagero, que seria tipo o Irene. Até entender que estava mais pra Katrina e que nunca tinha passado algo naquela dimensão por lá. Ah ta, que bom. Fui pedir informação na recepção do hotel ou alguma indicação do que devíamos fazer numa situação dessas e a indiana lazarenta fedida a curry só soube me dizer que não era para sair do hotel. Ah va. Ok, assim ficamos por 2 dias. Inteiros. Viva o wifi! Aliás, pra não dizer que foi o tempo todo no hotel, fomos jantar num pub perto do hotel. E lá minha mãe esqueceu a bolsa dela com nossos 3 passaportes. Que tal?

Sabemos que existem perrengues em viagem, faz parte inclusive acontecer, mas eu desafio alguém a ter parecidos com esses!  Fora isso tudo é claro que foi incrível, duas semanas deliciosas, nos divertimos muito (até das desgraças), e como sempre NY é um lugar mais que especial. No final meus pais voltaram pro Brasil e eu fui pra Chicago. Mas isso é uma nova história que vale um novo texto… Ah! Só pra completar, chegando no Brasil os cadeados das malas dos meus pais foram arrombados. Bem-vindos à realidade.