Nunca pensei que seria dessas, talvez por gostar tanto de filmes, seriados e livros, mas eu realmente gosto da balada. Gosto mesmo. Já há algum tempo e com bastante intensidade. Talvez esse gosto tenha desabrochado na época em que morei em Barcelona. Que a vida era uma balada diária. Ou talvez na época da faculdade. Não sei bem. O fato é que eu passei a gostar e frequentar muito. E faz parte da minha vida de alguma forma.
A dinâmica se repete muito, as histórias também, as pessoas então… Mas seguimos lá, firmes e fortes. Sexta-feira a tarde já começa a programação, daí a gente resolve o esquenta. Uma vez o irmão de uma das minhas amigas comentou que nossos esquentas são a coisa mais triste que ele já viu. Porque a gente bebe, fica sentada, conversa, fofoca e nem música tem. A gente nunca tinha reparado nisso, mas acho que nossos esquentas são assim meio baixo astral mesmo. Mas porque estamos lá meio que pra cumprir uma única função: beber. E tudo bem, a gente ama. Daí resolvemos ir pra balada. Primeiro perrengue, decidir se vamos de carro, quantos carros, quantos taxis, quem chama o taxi e por aí vai. Daí chegamos no local. Puta fila. Perrengue de novo. Mas a gente é tão descolada, amiga de Deus e mundo…não tem um esqueminha não? Nome na lista e tal? “Oi sou amiga do dono, do Marcelinho (sempre tem um Marcelinho), rola entrar?” Nem sempre. Espera na fila.
Entramos. Fazemos aquele rolê de reconhecimento. Aquele bom e velho VSV – Ver e ser vista. E não importa o tamanho da balada, a gente anda como se ela tivesse muitos kms. E sempre acaba achando um local pra ficar, que sem querer vira o QG. E se qualquer uma se perder, ou se der bem e precisar avisar, é lá que a gente se encontra. E começa cada uma no seu melhor estilo. Uma dançando de um lado, a outra sensualizando do outro, a outra tendo uma DR com o ex, a outra sendo xavecada até pelo segurança, eu virando melhor amiga de todos os caras que pensam em me xavecar, uma se perdeu, outra já foi embora e por aí vai. Algumas optam pela carreira solo, e só nos encontramos no final da noite. Outras ficam grudadas pra tudo, e obviamente para ir ao banheiro 89 vezes se preciso.
Fazemos amigos pra vida inteira (e nem sabemos o nome deles no final da noite), fazemos melhores amigas no banheiro. BFFs. Conhecemos o grande amor da nossa vida, que nem sequer pega o nosso telefone. Dançamos e cantamos como se estivéssemos no show da Madonna. E quando tudo parece ter acabado e já é hora de ir pra casa… começa a segunda etapa.
New Dog as 5:30 da manhã. Aquele show de horror da madrugada. Que fique claro que é incrível em qualquer outra refeição e horário, sou fã. Mas na madruga… Aquilo é um zoológico, convenhamos. Só gente bêbada, uma pivetada falando alto e te fazendo se sentir uma idosa, um monte de biscate toda trabalhada num paetê duvidoso de algo que se confunde entre uma saia e um cinto, e umas pessoas que você não tem ideia da onde vieram e nem pra onde vão. O caos. E a comida então? Poucas coisas podem fazer pior ou engordar mais que isso. Nada pode ser menos saudável que mandar um cheesecolesterol e uma coca a essa hora. Não só isso, né? Cebola, batata, é o show da fritura. E mesmo eu, que costumo ser natureba e chata pra comer, essa hora mando aquelas smiles pra dentro como se não houvesse amanhã.
Daí você chega em casa, mais pra lá do que pra cá e se sentindo obesa mórbida pelo que acabou de comer. Já está amanhecendo e não sei você, mas eu já cruzei (mais de uma vez!) minha família indo correr quando eu estava chegando com o rímel já no pescoço. Dá uma mega aflição ir dormir com o dia já claro, mas não tem saída. Você tá acabada. Daí tira a maquiagem que teima em não sair, vira um cimento de repente, e se troca, passa todos os cremes e pomadas e vai. Isso quando você tem paciência né? Porque às vezes vai do jeito que está mesmo, maquiada e tudo.
E daí você dorme. E tem momentos de pânico durante a noite (manhã já né?!). Maldito energético. Pior combinação da galáxia. Vodka e energético = amnésia e taquicardia. Daí você acorda, e já perdeu metade do dia, e a primeira coisa que vem na cabeça: “Eu nunca mais vou beber. Agora é sério. Nunca mais”. Daí você olha seu celular, e já tem mil notificações e você pensa “Gente, essas minhas amigas não fazem outra coisa? Tão cedo já hablando sem parar?!” Mas daí você vê que não é nada cedo, já é meio da tarde e se admira que as pessoas lidam melhor com a ressaca que você. E você vai na cozinha e a única coisa que pensa em ingerir é coca zero. Muita coca zero. Porque todo o resto enjoa. E você passa o dia agonizando e se arrastando. E a ressaca que antes durava algumas horas, hoje em dia são dois dias. Quando não vira doença.
E você começa a ter flashes com uma mini vergonha do que aconteceu na noite anterior. E do quanto bebeu, e de como voltou pra casa, e com quem falou, o que falou. E se arrepende, e tenta formular um caminho do que pode ter acontecido, mas as coisas não se encaixam. E você desencana de tentar entender. E ao mesmo tempo que decide nunca mais fazer isso de novo, já está se programando para a próxima que é no próximo fim de semana. E assim vai, não adianta. Não adianta estar numa fase tranquila, estar namorando, quando você quer sair da balada, ela não sai de você. E aí? Qual a boa de sexta?